Os primeiros movimentos do bebê são momentos inesquecíveis para qualquer família. Rolar, sentar e, finalmente, engatinhar são conquistas que mostram o quanto o pequeno está se desenvolvendo física e cognitivamente. Mas afinal, quando o bebê começa a engatinhar? E como é possível estimular esse processo de forma segura e natural?
Neste artigo, você vai descobrir em que fase o bebê costuma dar os primeiros passinhos de quatro, quais são os sinais de que ele está pronto e como ajudá-lo a explorar o mundo com segurança — sempre com base em orientações de especialistas em desenvolvimento infantil e pediatria.
Quando o bebê começa a engatinhar
De modo geral, os bebês começam a engatinhar entre 7 e 10 meses de idade, mas essa idade pode variar bastante. Segundo o Ministério da Saúde, cada criança tem seu próprio ritmo de desenvolvimento, e alguns podem engatinhar um pouco antes ou depois dessa faixa.
Antes de engatinhar, o bebê precisa desenvolver força muscular, equilíbrio e coordenação. Por isso, ele passa por etapas importantes, como:
- Ficar de bruços e erguer a cabeça;
- Apoiar-se nos braços;
- Rolar e sentar sozinho;
- Balançar o corpo para frente e para trás quando está de quatro.
Essas pequenas conquistas mostram que o bebê está ganhando força nos músculos do tronco, braços e pernas — os pilares para o engatinhar.
Nem todo bebê engatinha — e isso é normal
Muitos pais se preocupam quando o bebê não engatinha, mas é importante saber que nem todas as crianças passam por essa fase da mesma forma. Alguns bebês simplesmente preferem se arrastar no chão, rolar até alcançar o que desejam ou passam direto para a fase de ficar em pé e andar segurando em móveis.
De acordo com o Hospital Israelita Albert Einstein, o engatinhar é uma fase esperada, mas não obrigatória. O que realmente importa é que o bebê esteja ganhando autonomia e coordenação motora, de acordo com seu ritmo.
Portanto, se o bebê se movimenta, tenta se levantar e explora o ambiente, mesmo que sem engatinhar, não há motivo para preocupação. Ainda assim, é fundamental oferecer estímulos seguros para que ele tenha a oportunidade de aprender e fortalecer o corpo.
Benefícios do engatinhar
Engatinhar é muito mais do que apenas um modo de locomoção. Essa fase traz inúmeros benefícios para o desenvolvimento global do bebê:
- Coordenação motora: o movimento alternado dos braços e pernas fortalece os músculos e melhora o equilíbrio.
- Desenvolvimento cerebral: ao cruzar o centro do corpo (movimento contralateral), o bebê ativa áreas importantes do cérebro responsáveis pela coordenação entre os hemisférios.
- Percepção espacial: o bebê aprende noções de distância, profundidade e direção.
- Autonomia: engatinhar estimula a curiosidade e o desejo de explorar, aumentando a autoconfiança.
- Preparo para andar: o fortalecimento muscular e o controle de postura facilitam o aprendizado da marcha.
Segundo o Raising Children Network, o engatinhar representa um marco no desenvolvimento infantil, pois demonstra o amadurecimento motor e cognitivo do bebê.
Sinais de que o bebê está pronto para engatinhar
Antes de começar a engatinhar, o bebê dá vários sinais de que está se preparando para isso. Observe se ele:
- Sustenta bem a cabeça quando está de bruços;
- Apoia o peso nos braços e tenta levantar o tronco;
- Consegue rolar e mudar de posição sozinho;
- Fica de quatro, apoiando-se nas mãos e joelhos;
- Balança o corpo para frente e para trás nessa posição;
- Tenta alcançar objetos próximos com os braços.
Esses comportamentos mostram que o bebê está ganhando força e equilíbrio — habilidades essenciais para se locomover de forma coordenada.
Como estimular o bebê a engatinhar com segurança
1. Ofereça tempo no chão
O famoso “tempo de bruços” (tummy time) é um dos estímulos mais importantes para o desenvolvimento motor. Ele fortalece o pescoço, ombros, braços e costas, preparando o bebê para sustentar o próprio corpo.
Desde os primeiros meses, coloque o bebê de bruços por alguns minutos por dia, sempre sob supervisão. Aumente o tempo gradualmente conforme ele se mostra confortável.
O Hospital da Criança de Boston explica que o tummy time deve ser incorporado à rotina diária, pois ajuda o bebê a desenvolver músculos fundamentais para engatinhar e andar.
2. Deixe o bebê explorar livremente
Evite deixar o bebê muito tempo em carrinhos, bebê-conforto ou andadores. Esses dispositivos podem restringir os movimentos e atrasar o desenvolvimento motor.
Crie um espaço seguro e acolhedor para que o bebê possa se movimentar à vontade — um tapete firme, limpo e antiderrapante é suficiente para incentivar a exploração.
3. Use brinquedos como estímulo
Coloque brinquedos coloridos e seguros a uma pequena distância do bebê, de modo que ele precise se esforçar para alcançá-los. Isso desperta a curiosidade e estimula o movimento.
Você pode, por exemplo:
- Posicionar um brinquedo sonoro a cerca de 30 cm de distância;
- Deitar no chão e chamá-lo para vir até você;
- Criar pequenos “obstáculos” com almofadas baixas, que o bebê possa superar.
Esses desafios ajudam o bebê a ganhar força e coordenação.
4. Incentive o movimento com o corpo
Os pais podem participar ativamente do processo. Deite-se no chão e engatinhe na frente do bebê, mostrando como fazer. Muitas vezes, ele vai tentar imitar os seus movimentos.
Também é útil apoiar o corpo do bebê de leve, colocando as mãos sob o abdômen, para ajudá-lo a se equilibrar nas primeiras tentativas.
5. Crie um ambiente seguro
Assim que o bebê começa a engatinhar, a casa precisa estar preparada para garantir sua segurança. Algumas medidas essenciais incluem:
- Proteger tomadas e fios elétricos;
- Evitar tapetes soltos e escorregadios;
- Colocar travas em armários e gavetas baixas;
- Manter objetos pequenos e perigosos fora do alcance;
- Usar portões de segurança em escadas e corredores.
De acordo com o Ministério da Saúde, a prevenção de acidentes domésticos é essencial nessa fase de descobertas, pois o bebê ainda não tem noção de perigo.
6. Evite o uso de andadores
Embora pareçam úteis, os andadores são desaconselhados por pediatras. Eles podem causar quedas, dificultar o aprendizado natural do movimento e até atrasar o desenvolvimento do equilíbrio.
A Sociedade Brasileira de Pediatria alerta que o uso de andadores aumenta em até quatro vezes o risco de acidentes graves, além de não contribuir para o desenvolvimento motor.
O ideal é permitir que o bebê se movimente livremente no chão, com segurança e supervisão constante.
Fatores que podem atrasar o engatinhar
Alguns bebês demoram um pouco mais para engatinhar por motivos simples, como temperamento mais tranquilo, tempo excessivo em cadeirinhas ou falta de estímulo.
No entanto, em casos raros, o atraso pode estar relacionado a questões de tônus muscular, equilíbrio ou desenvolvimento neuromotor. Por isso, é importante conversar com o pediatra se:
- O bebê não tenta se apoiar nem se movimentar aos 9 meses;
- Parece muito rígido ou muito “molinho”;
- Não mostra interesse em alcançar objetos;
- Não sustenta o corpo quando colocado de bruços.
Na maioria das vezes, o médico tranquiliza os pais e recomenda pequenas mudanças na rotina para incentivar o movimento.
O que vem depois do engatinhar
Após dominar o engatinhar, o bebê naturalmente começa a ficar em pé apoiado em móveis, dar pequenos passos laterais e, pouco a pouco, ensaia os primeiros passos sozinho.
Essa transição acontece, em média, entre 10 e 14 meses, mas pode variar. O importante é continuar oferecendo estímulos saudáveis e seguros, celebrando cada conquista com paciência e carinho.
Dicas extras para apoiar o desenvolvimento motor
- Evite comparações: cada bebê tem seu ritmo e estilo de aprendizado.
- Brinque com o bebê diariamente: o contato e o estímulo constante aceleram o desenvolvimento.
- Dê liberdade de movimento: o chão é o melhor espaço para aprender.
- Celebre pequenas conquistas: o incentivo emocional é tão importante quanto o físico.
- Mantenha as consultas pediátricas em dia: o médico acompanha o crescimento e orienta conforme as necessidades do bebê.
Conclusão
O engatinhar é uma fase linda e cheia de descobertas — é quando o bebê começa, literalmente, a explorar o mundo com as próprias mãos e joelhos. Mais do que força e coordenação, essa conquista representa curiosidade, autonomia e desenvolvimento.
Com paciência, estímulo diário e um ambiente seguro, seu bebê logo estará se movimentando com confiança. E lembre-se: cada criança tem seu tempo. O papel dos pais é oferecer amor, apoio e oportunidades para que ela se desenvolva plenamente — sem pressa, mas com segurança.
Referências: