O que fazer quando o bebê não quer mamar? Dicas práticas

A amamentação é um dos momentos mais importantes e especiais na relação entre mãe e bebê. Além de fortalecer o vínculo afetivo, o leite materno oferece todos os nutrientes que o bebê precisa nos primeiros meses de vida, protegendo contra infecções e contribuindo para o desenvolvimento saudável.

No entanto, nem sempre esse processo acontece com facilidade. Muitas mães se desesperam ao perceber que o bebê não quer mamar, chora ao ser colocado no peito ou mama por pouco tempo. Isso pode gerar ansiedade e insegurança, mas é importante saber que existem diversos motivos — e soluções — para essa situação.

Neste artigo, você vai entender por que o bebê pode rejeitar o seio e conhecer dicas práticas para ajudá-lo a voltar a mamar com tranquilidade, sempre com base em orientações pediátricas e de especialistas em amamentação.


Por que o bebê pode se recusar a mamar

Quando o bebê não quer mamar, é essencial identificar a causa antes de tomar qualquer atitude. A recusa pode ter motivos físicos, emocionais ou comportamentais. Veja as principais razões:

1. Posição incorreta na hora de mamar

Uma das causas mais comuns é a pega incorreta. Se o bebê não se posiciona bem, pode sentir desconforto, engolir ar e não conseguir extrair o leite adequadamente. Além disso, a sucção incorreta causa dor nos mamilos e fissuras na mãe, o que torna o momento ainda mais difícil para ambos.

Como resolver:
Tente diferentes posições de amamentação — deitada de lado, sentada com o bebê no colo, ou com o bebê apoiado na barriga — até encontrar a mais confortável. A boca do bebê deve cobrir a maior parte da aréola, e não apenas o mamilo.


2. Congestão nasal ou problemas respiratórios

Se o bebê estiver resfriado, com nariz entupido ou alguma infecção respiratória, ele pode ter dificuldade para respirar enquanto mama e, por isso, rejeitar o peito.

O que fazer:
Limpe o nariz do bebê com soro fisiológico antes das mamadas e mantenha o ambiente úmido. Se o desconforto persistir, procure o pediatra para descartar infecções.


3. Refluxo ou dor abdominal

O refluxo gastroesofágico é comum em recém-nascidos e pode causar ardor e desconforto ao mamar. Nesses casos, o bebê pode associar o peito à sensação de dor e passar a recusá-lo.

O que fazer:
Tente amamentar o bebê em posição mais vertical e mantenha-o em pé por alguns minutos após a mamada. Se houver suspeita de refluxo intenso, o médico pode indicar avaliação e medidas específicas.


4. Estresse ou distrações

Com o passar dos meses, os bebês ficam mais curiosos e se distraem facilmente com sons, luzes ou pessoas ao redor. Além disso, mudanças na rotina, viagens ou tensões familiares também podem gerar estresse e recusa temporária da amamentação.

O que fazer:
Escolha um ambiente calmo, com pouca iluminação e sem barulhos, especialmente se o bebê já está maior. O contato pele a pele e o tom de voz suave ajudam o bebê a relaxar.


5. Alteração no sabor ou cheiro do leite

Alguns fatores, como a alimentação da mãe, o uso de medicamentos ou até o retorno da menstruação, podem mudar o sabor do leite materno, e o bebê pode estranhar temporariamente.

O que fazer:
Evite alimentos muito fortes (como alho e café em excesso) e, se estiver tomando algum medicamento, confirme com o médico se ele é compatível com a amamentação.

De acordo com o Ministério da Saúde, essas variações são comuns e, na maioria das vezes, o bebê volta a mamar normalmente após alguns dias.


6. Produção de leite insuficiente ou excesso de leite

O bebê pode rejeitar o peito tanto quando há pouco leite quanto quando há excesso de fluxo. No primeiro caso, ele pode se frustrar ao não conseguir mamar o suficiente; no segundo, o leite sai muito rápido, causando engasgos e desconforto.

Como ajustar:

  • Se o leite está em pouca quantidade, aumente a frequência das mamadas e hidrate-se bem.
  • Se o fluxo for muito forte, retire um pouco de leite antes de oferecer o peito ou amamente com o bebê em posição mais vertical.
    Essas estratégias ajudam a equilibrar o fluxo e tornar a mamada mais tranquila.

Sinais de que o bebê está mamando pouco

Além da recusa direta, há sinais sutis de que o bebê não está se alimentando adequadamente:

  • Faz sucções curtas e solta o peito rapidamente;
  • Urina menos de 6 vezes ao dia;
  • Não ganha peso de forma constante;
  • Parece irritado ou sonolento demais;
  • As mamadas se tornam dolorosas para a mãe.

Caso esses sinais persistam, o ideal é buscar ajuda médica. A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda observar o ganho de peso semanal e o número de fraldas molhadas como indicadores confiáveis da nutrição do bebê.


Dicas práticas para quando o bebê não quer mamar

Agora que você conhece as possíveis causas, veja estratégias simples e eficazes para ajudar o bebê a retomar a amamentação com conforto e segurança.

1. Tenha paciência e ofereça o peito com calma

Evite forçar o bebê. Se ele estiver agitado, espere um momento de tranquilidade — logo após o banho, por exemplo. O contato pele a pele ajuda o bebê a se reconectar com o cheiro e o calor da mãe.


2. Varie as posições

Experimente diferentes posições até encontrar a mais adequada. Algumas mães relatam que o bebê mama melhor na posição deitada de lado ou com o corpo do bebê sobre o abdômen da mãe. O importante é garantir que o nariz e o queixo toquem o seio.


3. Faça compressas mornas antes da mamada

Compressas quentes ajudam o leite a fluir mais facilmente, reduzindo a necessidade de sucção forte. Isso pode ser útil especialmente se o bebê estiver desmotivado a mamar por dificuldade no fluxo.


4. Diminua distrações

Amamente em um ambiente silencioso, com luz suave. Evite televisão ou celulares próximos. Quanto menos estímulos externos, mais o bebê foca no ato de mamar.


5. Ofereça o seio com frequência

Mesmo que o bebê recuse, continue oferecendo o peito em intervalos regulares. Às vezes, a recusa é temporária — um pico de crescimento, calor excessivo ou até um pequeno desconforto podem alterar o apetite por alguns dias.


6. Evite mamadeiras e bicos artificiais

O uso de mamadeira ou chupeta pode causar a chamada “confusão de bicos”, fazendo com que o bebê prefira a sucção mais fácil da mamadeira e rejeite o seio.

Dê preferência à amamentação direta e, se precisar oferecer leite extra, use um copinho ou colher dosadora.


7. Cuide do seu estado emocional

Os bebês percebem o estresse da mãe. Se você estiver ansiosa ou frustrada, o bebê pode sentir essa tensão. Respire fundo, procure relaxar e confie no processo. Muitas vezes, a calma da mãe é o primeiro passo para que o bebê volte a mamar bem.


8. Faça pausas curtas e tente novamente

Se o bebê chorar ou recusar o peito, interrompa por alguns minutos. Caminhe um pouco, embale, cante suavemente e tente novamente quando ele estiver mais calmo. Forçar a mamada pode aumentar a resistência.


9. Busque apoio profissional

Se o problema persistir, procure um consultor de amamentação ou o Banco de Leite Humano mais próximo. Esses profissionais oferecem orientação gratuita sobre pega, posições e técnicas específicas para cada caso.

O site do Ministério da Saúde possui uma lista com os bancos de leite em todo o Brasil, que oferecem atendimento presencial e telefônico.


Quando se preocupar

Embora recusas ocasionais sejam comuns, é importante procurar o pediatra se o bebê:

  • Não urina com frequência;
  • Chora excessivamente após as tentativas de amamentação;
  • Mostra sinais de fraqueza;
  • Apresenta febre, tosse ou dificuldade para respirar;
  • Não ganha peso conforme esperado.

Nesses casos, pode haver uma causa médica subjacente que requer avaliação.


Amamentar é um aprendizado para os dois

Cada bebê é único, e o processo de amamentação exige paciência e adaptação. Às vezes, o que funciona para um não serve para outro — e tudo bem. O importante é manter a calma, oferecer o peito com carinho e buscar ajuda quando necessário.

A recusa temporária do seio é algo que muitas mães enfrentam, e na maioria dos casos, é resolvida com pequenas mudanças de rotina e persistência.


Conclusão

Quando o bebê não quer mamar, o mais importante é não entrar em pânico. Observe os sinais, identifique possíveis causas e aja com paciência. Verifique a pega, o ambiente e o estado emocional do bebê, e não hesite em buscar apoio profissional.

Lembre-se: amamentar é um processo de aprendizado e conexão. Com amor, calma e informação, é possível superar essa fase e retomar um momento de nutrição e afeto pleno entre mãe e bebê.


Referências:

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