Amamentação: mitos e verdades que toda mãe precisa saber

A amamentação é um dos momentos mais poderosos da maternidade — um gesto simples que nutre o corpo, fortalece o vínculo afetivo e protege a saúde do bebê e da mãe. No entanto, esse ato natural ainda é cercado por mitos, dúvidas e informações equivocadas que podem gerar insegurança nas mães, especialmente nas de primeira viagem.

Neste artigo, você vai descobrir as principais verdades e mentiras sobre a amamentação, com base em informações confiáveis de órgãos de saúde e especialistas. O objetivo é desmistificar tabus e oferecer segurança para que as mães possam amamentar com mais tranquilidade e confiança.


Por que a amamentação é tão importante

O leite materno é um alimento completo, que contém todos os nutrientes necessários para o crescimento saudável do bebê nos primeiros meses de vida. Segundo o Ministério da Saúde, ele é capaz de proteger contra infecções respiratórias, diarreias, alergias e até doenças crônicas no futuro.

Além disso, a amamentação fortalece o vínculo emocional entre mãe e filho e ajuda na recuperação pós-parto, pois o ato de amamentar estimula a liberação de ocitocina, hormônio que promove contrações uterinas e reduz o risco de hemorragia.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade e a continuidade, junto com outros alimentos, até os 2 anos ou mais.


Mito 1: “Meu leite é fraco”

Esse é um dos mitos mais comuns — e um dos mais prejudiciais. A verdade é que não existe leite fraco. Todo leite materno é perfeitamente adequado às necessidades nutricionais do bebê.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o leite materno tem variações naturais de composição ao longo da mamada e do tempo, mas todas as versões fornecem proteínas, gorduras, vitaminas e anticorpos em quantidades ideais.

Se o bebê está mamando com frequência, ganhando peso e tem bom desenvolvimento, o leite está cumprindo seu papel. A aparência mais aguada no início da mamada é normal — é o leite rico em água, que mata a sede do bebê, enquanto o leite do final é mais gorduroso e nutritivo.


Mito 2: “Devo oferecer água ou chá para o bebê nos primeiros meses”

Não! Bebês que mamam exclusivamente no peito não precisam de água, sucos ou chás, mesmo em dias quentes.

O leite materno é 88% composto por água e supre totalmente as necessidades de hidratação do bebê.

Segundo o Ministério da Saúde, oferecer líquidos adicionais pode interferir na amamentação, reduzindo a produção de leite e aumentando o risco de contaminação intestinal.


Mito 3: “Amamentar faz os seios caírem”

Outra crença muito difundida, mas incorreta. A flacidez das mamas está relacionada principalmente a fatores genéticos, hormonais e à variação de peso durante a gravidez, e não à amamentação em si.

Segundo o Hospital Israelita Albert Einstein, a principal causa da perda de firmeza dos seios é o estiramento da pele causado pelo aumento das mamas na gestação, e não o ato de amamentar. Usar um sutiã adequado e cuidar da postura ajuda a prevenir desconfortos e manter o formato natural.


Verdade: Amamentar pode doer no início — mas não deve doer sempre

É verdade que nos primeiros dias a mãe pode sentir sensibilidade nos mamilos, devido à adaptação. Porém, dor intensa, rachaduras ou sangramentos não são normais e indicam que algo está errado, geralmente uma pega incorreta.

O bebê deve abocanhar não apenas o mamilo, mas também boa parte da aréola. O queixo deve tocar o seio, e o nariz deve ficar livre. Quando a pega está correta, a sucção é eficiente e indolor.

O Manual de Aleitamento Materno da SBP orienta procurar um profissional de saúde ou o Banco de Leite Humano para corrigir a posição e evitar lesões.


Mito 4: “É preciso colocar o bebê em horários fixos para mamar”

Errado. O leite materno é produzido conforme a demanda do bebê. Quanto mais ele mama, mais leite a mãe produz.

Por isso, a amamentação deve ser feita sob livre demanda, ou seja, sempre que o bebê quiser, sem rigidez de horários. Essa prática garante melhor ganho de peso, maior saciedade e evita o ingurgitamento mamário.

De acordo com a OMS, o aleitamento sob livre demanda também reforça o vínculo emocional entre mãe e filho e contribui para o desenvolvimento emocional seguro da criança.


Mito 5: “O leite seca se a mãe estiver estressada ou triste”

O estresse e o cansaço realmente podem afetar o reflexo de ejeção do leite, ou seja, o momento em que ele desce das glândulas mamárias. Mas isso não significa que o leite “secou”.

Quando a mãe se acalma, descansa e se hidrata, o leite volta a fluir normalmente. O leite materno é produzido de forma constante — o que muda é o ritmo de liberação.

Ambientes tranquilos, o apoio emocional e a prática do contato pele a pele ajudam a reduzir o estresse e manter a produção estável.


Verdade: A amamentação traz benefícios também para a mãe

Amamentar não é bom apenas para o bebê. A mãe também colhe diversos benefícios:

  • Recuperação pós-parto mais rápida;
  • Redução do risco de câncer de mama e de ovário;
  • Menor incidência de diabetes tipo 2 e hipertensão;
  • Aumento do vínculo afetivo e bem-estar emocional.

Estudos da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) confirmam que o aleitamento materno protege a saúde da mulher a longo prazo e pode reduzir em até 13% o risco de mortalidade materna relacionada a doenças crônicas.


Mito 6: “Mulheres com seios pequenos produzem menos leite”

Tamanho de seio não interfere na produção de leite. A quantidade de leite depende da estimulação da sucção, e não do volume de tecido mamário.

Se o bebê mama com frequência e de forma eficaz, o corpo entende que precisa produzir mais. A natureza é sábia — o corpo materno se adapta perfeitamente às necessidades do bebê.


Verdade: O leite muda de acordo com a idade e as necessidades do bebê

Muitas mães se surpreendem ao descobrir que o leite materno não tem sempre a mesma composição. Ele se transforma conforme o crescimento do bebê.

Nos primeiros dias após o parto, o corpo produz o colostro, um líquido amarelado e rico em anticorpos. Depois, vem o leite de transição, mais cremoso e calórico, e por fim o leite maduro, que mantém o equilíbrio ideal entre nutrição e hidratação.

Essa capacidade de adaptação é uma das razões pelas quais o leite materno é considerado o “alimento de ouro” para o bebê.


Mito 7: “Amamentar em público é errado”

Esse é um tabu que precisa ser superado. Amamentar é um ato natural e deve ser respeitado em qualquer ambiente.

A amamentação em locais públicos é um direito garantido por lei em diversos estados e municípios brasileiros. Nenhum estabelecimento pode impedir ou constranger uma mãe por amamentar o filho em público.

O Ministério da Saúde reforça que normalizar o aleitamento em espaços públicos é fundamental para promover a saúde e reduzir o preconceito social em torno da amamentação.


Verdade: Toda mulher pode precisar de ajuda para amamentar

Mesmo sendo um processo natural, a amamentação é um aprendizado para a mãe e o bebê. Dificuldades no início são comuns — e buscar ajuda não significa fracasso.

Os Bancos de Leite Humano e as Unidades de Saúde oferecem apoio gratuito com profissionais capacitados, que ensinam técnicas de pega correta, posições confortáveis e manejo do leite.

O Brasil é referência mundial na rede de apoio à amamentação, segundo dados da OPAS, justamente porque incentiva o acolhimento e o suporte às mães desde o início da jornada.


Conclusão

Amamentar é um ato de amor, entrega e aprendizado. Embora cercado de mitos e conselhos muitas vezes equivocados, a verdade é que toda mulher é capaz de amamentar com sucesso quando tem apoio, informação e tranquilidade.

O leite materno é o melhor alimento para o bebê e um dos maiores presentes que uma mãe pode oferecer. Ele nutre, protege e fortalece — não apenas o corpo, mas também o laço emocional que une mãe e filho.

Se houver dúvidas ou dificuldades, não hesite em procurar ajuda profissional. Lembre-se: amamentar é natural, mas aprender a amamentar faz parte do processo. Com carinho, paciência e informação correta, o aleitamento se torna uma experiência única e gratificante.


Referências:

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